20 de abril de 2025

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Por que tantas mulheres fingem orgasmos? – 11/02/2025 – Mirian Goldenberg

Por que tantas mulheres fingem orgasmos? - 11/02/2025 - Mirian Goldenberg

Alguns leitores ficaram indignados com a minha coluna da semana passada: “Ele mente descaradamente!”. E reagiram dizendo que as mulheres também mentem. Lógico que as mulheres também mentem. Aliás, em nenhum momento afirmei o contrário. Até porque já estava escrevendo a coluna sobre as mentiras que elas contam.

A questão que me interessa não é compreender quem mente mais ou menos nem fazer mais uma polarização bélica entre os sexos que não ajuda a resolver os problemas que os casais enfrentam no seu cotidiano. A reflexão que quero aprofundar é esta: até que ponto o excesso de mentiras, fingimentos e omissões pode levar à falta de confiança e até mesmo ao fim dos relacionamentos?

Então, vamos às mentiras que as mulheres também contam.

Nas minhas pesquisas, uma das mentiras mais frequentes é sobre ter (ou não) orgasmo. Quase 100% das mulheres que entrevistei afirmaram que fingem (ou já fingiram) ter orgasmo.

Por quê?

Porque estão exaustas e querem dormir; porque sentem dor com a penetração; porque o parceiro não sabe como deixá-las excitadas; porque estão sem vontade de fazer sexo e querem terminar logo; porque não sentem mais tesão e por inúmeros outros motivos. Elas fingem ter orgasmos e seus parceiros fingem que não sabem que elas fingem.

Elas dão as desculpas mais esfarrapadas quando não querem fazer sexo: estou com dor de cabeça; estou na TPM; estou preocupada com um problema no trabalho etc. Quando entrevistei mulheres na Alemanha, fiquei surpresa. Elas me disseram que, quando não querem fazer sexo, dizem apenas “não”. Não se desculpam, não dizem nem “não, hoje eu não quero”, dizem somente: “não”. E ponto final!

Não encontrei até hoje entre as minhas entrevistadas aqui no Brasil alguma com a coragem de dizer simplesmente: “não”. Além do receio de magoar o parceiro, elas têm medo de que ele, ao ser rejeitado, irá procurar outra mulher. Quando conseguem dizer “não”, elas buscam amenizar o possível sentimento de rejeição: “Hoje não, meu amor, estou com muita TPM e dor de cabeça. Vamos deixar para amanhã?”.

Um exemplo é o de Flávia, uma jornalista de 57 anos, casada há 13 anos. Ela está no seu quinto casamento e afirmou que teve, antes do atual marido, centenas de parceiros sexuais.

“Gozei muito na minha vida, com meus maridos, namorados, casos, aventuras e até mesmo com parceiros virtuais. Mas não consigo gozar com meu atual marido. Sempre que transamos, ele goza e eu não. Ele não faz nada nas preliminares, não sabe como me tocar e me beijar, é muito desajeitado sexualmente. Depois da menopausa, não consigo nem deixar que ele me penetre, de tanta dor que eu sinto.”

Perguntei se ela contou para o marido como se sente.

“Nunca falei nada porque o sexo não é tão importante para mim. Muito mais importante é o amor, carinho, cuidado, respeito, admiração, companheirismo, confiança. Apesar de eu já ter transado e gozado muito na vida, sexo nunca foi o mais importante. O mais importante é sentir segurança emocional. E nunca me senti tão segura emocionalmente como me sinto agora.”

Antes que alguém reclame, aviso que o espaço não permite que eu escreva em uma única coluna tudo o que tenho pesquisado sobre mentiras e a importância da confiança e segurança emocional nos relacionamentos. Aguardem os próximos capítulos…



Fonte ==> Folha SP

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