22 de janeiro de 2025

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Até onde vai a responsabilidade dos influenciadores? – 20/01/2025 – Natalia Beauty

A imagem mostra duas mãos de madeira manipulando um smartphone. O celular exibe o logotipo do Instagram em uma tela com um fundo gradiente que vai do rosa ao laranja. O fundo da imagem é azul.

Hoje, qualquer pessoa com acesso a um smartphone pode se tornar influenciador. As redes sociais transformaram comediantes, empresários e jovens comuns em figuras capazes de impactar milhares, às vezes, milhões de vidas. Mas será que quem busca a fama online tem consciência de que a influência não é só números, mas responsabilidade?

O debate sobre o tema não é novo, mas ganhou força recentemente com a conversa entre Luciano Huck e Carlinhos Maia no Domingão com Huck. Enquanto Carlinhos defendeu que vídeos caseiros não deveriam ser levados tão a sério, porque influenciadores “não estudaram” para formar opinião, Huck foi incisivo: “se você tem milhões de seguidores, precisa assumir a maturidade que esse alcance exige”. E ele está certo. Não importa o grau de preparo. Se você fala para uma audiência, tem impacto.

Um exemplo claro é o envolvimento de influenciadores brasileiros com plataformas de apostas online. Promovem muitos desses serviços com promessas de ganhos simples, sabendo que boa parte da audiência é sensível a esse tipo de discurso. O resultado? Milhares de pessoas acreditando em um sonho falso vendido como oportunidade. E os influenciadores? Seguem ganhando comissões altíssimas e terceirizando a culpa: “Ninguém é obrigado a apostar”. É esse o legado que queremos deixar?

O caso das apostas lembra outros momentos em que influenciadores brasileiros foram questionados sobre ética e responsabilidade. Quem não se lembra da polêmica do médico do Rio Grande do Sul, que viralizou ao fazer comentários machistas durante uma viagem ao Egito? Sua desculpa? “Foi uma brincadeira.” Mas o estrago já estava feito. O episódio escancarou como a linha entre “entretenimento” e “irresponsabilidade” é fina, e como ignorá-la pode destruir reputações.

Por outro lado, também existem exemplos positivos. O ator Lázaro Ramos e a escritora Djamila Ribeiro, por exemplo, utilizam suas redes para promover causas sociais e educacionais, inspirando milhares de seguidores para se envolverem em questões importantes. Eles mostram que a influência pode ser usada para construir, não apenas para entreter.

A comunicação nas redes sociais tem um impacto profundo e inegável. Assim como as propagandas influenciam decisões de compra e hábitos ao ativar gatilhos emocionais e psicológicos, os influenciadores exercem um poder semelhante, muitas vezes amplificado por sua conexão direta e pessoal com o público.

Quando figuras famosas endossam produtos de baixa qualidade, promovem discursos preconceituosos ou espalham desinformação, essas mensagens se espalham rapidamente, causando um efeito cascata. O peso de uma opinião ou recomendação de um influenciador vai muito além de uma simples postagem: ela pode legitimar comportamentos contraditórios e reforçar ideias competitivas de forma alarmante.

No Brasil, a falta de educação midiática agrava o problema. Muita gente acredita em tudo o que vê online, principalmente quando o rosto por trás da mensagem é famoso. Isso cria um ciclo perigoso: a audiência consome sem questionar, e os influenciadores lucram sem refletir.

Mas ser influenciador não é apenas sobre alcançar milhões, mas sim sobre a responsabilidade que vem com isso. Até mesmo quem tem apenas um seguidor está impactando alguém. A pergunta que todo criador de conteúdo deveria se fazer é: o que estou construindo com influência? Estou promovendo algo que realmente acredito ou apenas explorando a audiência por dinheiro fácil?

É preciso mudar essa mentalidade. A nova geração que sonha com fama online precisa entender que a influência vai além de curtidas e compartilhamentos. É sobre caráter, ética e legado. Afinal, o que vale mais: ser famoso ou ser lembrado por algo que realmente fez a diferença? A escolha está nas mãos de quem cria.

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Fonte ==> Folha SP

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