22 de janeiro de 2025

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Ídolos de k-pop e k-drama cobram por tchau e toca aqui – 20/01/2025 – K-cultura

Show do grupo de k-pop Kard em Julho de 2017, no Tropical Butantã, em SP

Eventos de interação de artistas com fãs, como sessões de fotos e autógrafos, ao estilo “meet and greet”, não são novidade. Mas a indústria de entretenimento da Coreia do Sul foi além e criou novas modalidades para aproximar seus astros de k-pop e k-drama do público —e as exportou ao Brasil.

Na hora de comprar ingressos, surgem termos como “hi-touch”, “send off” e “goodbye session”. São interações que duram apenas segundos e custam centenas de reais.

Uma das mais comuns é o “hi-touch” —algo como o “high five”, ou o nosso “toca aqui”. Nele, os artistas ficam em pé, parados, com a mão levantada. Os fãs passam em fila única, sem parar, e tocam a mão dos ídolos. Qualquer contato além disso é proibido e uma mesa costuma ser usada de barreira.

O quarteto de k-pop Kard, que fez show na sexta (17) em São Paulo, ofereceu o cumprimento num pacote que custou R$ 1.200 e incluiu outros benefícios, como o “fanchat”, uma conversa de um minuto com um integrante à escolha.

O cantor Kino, que vem ao país em fevereiro, também oferece o “hi-touch”. Ele é vendido por R$ 170 ou num combo de R$ 1.290 com mais vantagens. Já um “toca aqui” com o ator e cantor Jin-young, que faz evento no mesmo mês, sai por R$ 290 —há pacotes de até R$ 1.921.

Outra interação popular é o “send off”, também chamado de “goodbye session” ou “hi-bye”. Nesse modelo, os fãs pagam para se despedir do artista. O astro fica parado num canto, enquanto fãs andam em fileira e dão o tchauzinho, ou formam um corredor, cercado por grades, pelo qual o artista passa acenando e mandando beijos, tudo à distância.

O ator Hwang In-youp cobra R$ 280 pela sessão de tchau em evento marcado para março. Um dos nomes mais populares do k-pop, Taemin embute a despedida num pacote de R$ 2.290, já esgotado para a apresentação em fevereiro.

Fazer vídeos ou fotos durante essas interações geralmente é proibido. Se quiser garantir uma foto com o ídolo, o fã precisa comprar outro ingresso. Uma foto em grupo de 15 pessoas com Hwang In-youp, por exemplo, sai por R$ 480.

A moda da vez são os “fanmeetings” com atores de k-dramas, que combinam apresentações de música, bate papo e outras atividades.

Junho, ator e membro da boyband 2PM, vem em março para um evento nesse estilo. Para o pacote mais completo, os fãs têm de desembolsar R$ 2.650. É possível comprar os benefícios avulsos: uma foto individual com ele custa R$ 700, e por um “toca aqui”, paga-se R$ 430.

Semelhante é o “fansign”, popular na Coreia do Sul —e que já passou pelo Brasil. Nele, os fãs pegam autógrafos e conversam com o artista.

Vale de tudo para a chance de trocar um olhar, um toque ou uma palavra com os ídolos, mesmo que breve.

Essas interações têm como objetivo gerar mais renda, mas fazem parte de uma cultura que visa fidelizar o público. “Os fãs querem se sentir um pouquinho mais íntimos do artista do que outras pessoas. Em vez de assistir ao show sentado, ele quer tirar foto, pegar autógrafo. Aí surgiram essas interações diferenciadas”, diz Julia Kim, produtora da Storyvent, especializada em eventos de cultura coreana.

A proximidade é incentivada para criar um vínculo com o artista, segundo o antropólogo Thiago Haruo Santos, que pesquisou o k-pop em seu mestrado na USP. “É uma relação primeiro construída à distância, não só pela distância de estarmos no Brasil, mas porque os fãs só podem consumir essa indústria a partir dos vídeos e da internet. Ao mesmo tempo, isso se transforma numa relação meio platônica.”

Essa indústria tenta ainda criar a imagem de um namorado ou namorada perfeita de seus astros. “Isso vem da tradição da cultura pop, essas figuras que o fã deseja, mas que, no fundo, sabe que não vai consumar o desejo”, diz Santos. “O que o k-pop fez foi nomear isso.”

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Fonte ==> Folha SP

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