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No Festival de Brasília, cineastas questionam rótulo LGBT – 14/09/2025 – Ilustrada

No Festival de Brasília, cineastas questionam rótulo LGBT - 14/09/2025 - Ilustrada

A primeira noite da mostra competitiva do 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, neste sábado (13), exibiu três obras que de alguma forma acenaram para a comunidade LGBTQIA+.

O longa-metragem que fechou a noite foi “Morte e Vida Madalena”, dirigido pelo cearense Guto Parente e estrelado por Noá Bonoba. No filme, Madalena, uma cineasta que acabou de perder o pai, também profissional do cinema, tenta filmar um roteiro deixado pelo genitor. Grávida e quase sempre de cara fechada, ela tem que se equilibrar entre orçamento curto e equipe nem sempre colaborativa.

“É urgente que a gente comece a ser vista para além da nossa transparência”, disse Bonoba durante o discurso que abriu a sessão. A atriz, que é transgênero, interpreta uma personagem cisgênero fez uma dedicatória a todos os profissionais trans do audiovisual. “Espero vocês amanhã para a gente conversar sobre atuação. E não sobre eu ser travesti.”

Foram exibidos ainda os curtas-metragem “Logos”, dirigido pela gaúcha Britney Federline, a primeira diretora trans da Globo, e “Safo”, animação premiada em Annecy, dirigida por Rosana Urbes, paranaense radicada em São Paulo que fez carreira trabalhando no exterior, na Disney.

“Logos” traz recortes de memórias de uma internação hospitalar, após intubação por Covid-19. “Safos” é uma animação sobre fragmentos da obra da poeta da Ilha de Lesbos, que viveu por volta de 600 antes de Cristo.

Em entrevista coletiva na manhã deste domingo (14), as cineastas também expressaram desconforto em serem rotuladas. “Me causa uma estranheza os três filmes que foram exibidos ontem estarem sendo exibidos no mesmo dia”, disse Britney Federline, a diretora de “Logos”.

“Os três, de certa forma, falam do que a grande população considera ‘diversidade’. E aí a programação põe os nossos filmes no mesmo dia”, diz Britney. “Eu quero habitar outros lugares. Queria que meu filme estivesse no meio de outros e que o público que vai ao cinema não fosse para ver como uma obra de nicho.”

Urbes, diretora de “Safos”, conta que, quando estava começando a produção, foi questionada se falaria da sexualidade da poeta da Grécia Antiga. “Não vejo alguém fazer um livro sobre Homero e perguntarem ’você vai falar da sexualidade dele’?”, diz. “Sim, ela é o grande ícone do lesbianismo, todo mundo conhece ela por isso, mas eu considero quase uma forma de apagamento, porque a gente nunca chega na artista que produziu.”

O 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, um dos mais tradicionais do país, começou nesta sexta (12) e teve na abertura a exibição de “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, no Cine Brasília, prédio de Oscar Niemeyer na capital federal.

O festival vai até 20 de setembro, com exibição de 80 filmes. O evento comemora 60 anos e, para celebrar, serão exibidos longas históricos que representam a trajetória do evento. Entre eles estão “São Paulo Sociedade Anônima”, de Luiz Sergio Person, e “A Falecida”, longa de Leon Hirzman com Fernanda Montenegro —ambos participaram da primeira edição, em 1965.

O encerramento ocorre com a produção brasiliense “A Natureza das Coisas Invisíveis”, de Rafaela Camelo. O longa foi exibido no Festival de Berlim e conquistou o prêmio de melhor filme do júri infantil no Festival de Cinema do Uruguai.



Fonte ==> Uol

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