22 de janeiro de 2025

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O fim das brigas bobas e desnecessárias: OK, baby! – 21/01/2025 – Mirian Goldenberg

Ilustração de uma pessoa amarela com apenas um olho grande segurando um buquê de flores coloridas

Meu marido adora os vídeos dos julgamentos de Frank Caprio, um juiz municipal em Providence, Rhode Island, nos Estados Unidos.

O juiz, de 88 anos, ficou famoso por sua empatia e bom humor nos julgamentos de casos de infrações de trânsito. Sua postura como juiz pode ser resumida nas seguintes ideias: “acho que devo levar em consideração se alguém está doente, se a mãe morreu e se tem filhos famintos. Eu não uso um distintivo por baixo da toga: uso um coração por baixo da toga. Não estou tentando mudar o mundo, mas estou tentando fazer a minha parte”.

Depois de uma discussão boba ou “totalmente desnecessária”, como meu marido diz que são 95% das nossas brigas, ele me enviou o vídeo “Happily Married?”, publicado no canal do YouTube “Caught in Providence”.

O vídeo de sete minutos mostra Frank Caprio julgando um casal por infração de trânsito. O juiz pergunta ao casal: “Quantos anos vocês estão felizes no casamento?”. O marido responde: 44; a esposa, com os dedos, mostra que são apenas dois. O juiz dá a sua primeira gargalhada. Ele então pergunta: “Qual é o segredo de um casamento de 44 anos?”

A esposa responde: “Ele sempre concorda com o que eu faço e com o que eu digo. Tudo o que eu digo, ele diz: ‘OK, baby!’. É isso”.

O juiz faz a mesma pergunta ao marido: “Qual é o segredo de um casamento de 44 anos?” O marido responde: “Ela acabou de lhe contar”. Mais risadas do juiz.

A esposa enfatiza: “Tudo o que eu faço, ele diz: ‘OK, baby!’. Tudo o que eu digo, ele diz: ‘OK, baby’. É isso”.

O juiz diz que eles têm duas multas de mais de 31 dólares, mas que vai cobrar apenas uma, no total de 50 dólares. E pergunta: “Você pode pagar isso hoje?”

O marido responde: “Eu não posso, senhor”. A esposa diz em seguida: “Sim, eu vou pagar isso, meritíssimo”. O marido imediatamente concorda: “OK, baby!”. E as risadas explodem no tribunal.

Desde que assisti ao vídeo, não tivemos mais briguinhas bobas e desnecessárias aqui em casa. Qualquer possível desentendimento, eu respondo com: “OK, baby!”. E damos risadas.

Desde 1990, pesquiso diferentes tipos de arranjos conjugais e já escrevi sobre as brigas e conflitos mais comuns entre as centenas de casais que entrevistei. Chamei alguns de “casais gun”: aqueles que preferem brigar; os outros chamei de “casais fun”: aqueles que gostam de brincar. Para os “casais gun”, DR é sinônimo de “discutir a relação”; para os “casais fun”, DR é “dar risadas”.

Sei que é impossível não brigar ou não me irritar com meu marido, como eu adoraria. E vice-versa. Ele é explosivo: grita, xinga, coloca toda a sua raiva e irritação para fora. Eu sou implosiva: fico horas e até mesmo dias sem falar com ele após uma briguinha boba. Mas estamos aprendendo a lidar de uma forma mais madura, saudável e divertida com as nossas brigas e discussões desnecessárias.

Cheguei à conclusão de que casais mais adoecidos são viciados em brigar; e que casais mais saudáveis preferem brincar. Brincar, em vez de brigar, tem sido o melhor remédio para a saúde do meu casamento e para a minha própria saúde física e psicológica. Mas dá trabalho: para brincar, em vez de brigar, é preciso ter muita inteligência emocional, bom humor, escuta, equilíbrio e maturidade. E nunca esquecer de uma frase que já virou clichê: “é melhor ser feliz do que ter razão e ganhar a discussão”. OK, baby?



Fonte ==> Folha SP

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