Search
Close this search box.

Os diretores Mira Nair e Bijoy Shetty falam sobre a mudança na forma como o mundo vê a Índia

Os diretores Mira Nair e Bijoy Shetty falam sobre a mudança na forma como o mundo vê a Índia

Quando Nair e Shetty se encontram pelo Zoom para uma conversa com Vogaeles trocam notas sobre o trabalho um do outro e discutem o cabo de guerra entre autenticidade e representação. Acima de tudo, falam sobre resistir à pressão para transformar identidades em tropos comercializáveis. Para ambos os cineastas, o desafio e a alegria são os mesmos: mostrar a Índia como ela é – em toda a sua complexidade confusa e irresistível.

Voga: Mira, você sempre disse que é um cineasta indiano em casa no mundo. Os seus filmes ajudaram a mudar a forma como o mundo vê a Índia e a sua diáspora. Bijoy, seus videoclipes, especialmente seu trabalho recente com Hanumankind, estão fortemente enraizados na cultura indiana. Qual a importância da ideia de representação no seu trabalho?

Mira Nair: Não gosto de ser embaixador e dizer que o meu país é tão maravilhoso, tão rico. Não abordo o cinema como um anúncio da Benetton. O objetivo é mergulhar nas camadas de vida à sua frente e libertar a humanidade que é local naquele lugar, e fazer isso de uma forma que seja tão verdadeira que se torne universal. A questão é que não somos ilhas entre nós; na verdade, somos todos totalmente humanos. Dito isto, como cineasta indiano a viver em Nova Iorque, depois na África Oriental, estive sempre nesses lugares onde era uma novidade, onde posso ter sido forçado a explicar-me. Mas cresci com uma espécie de ferocidade – não vou me justificar nem dar lições sobre meu bindi. Recuso-me a permitir que pessoas que não viveram nas nossas ruas peguem na nossa cultura e a estraguem.

Bijoy Shetty: Infelizmente, a colonização está no nosso ADN, onde assumimos que a cultura ocidental é superior. Mas, com toda a honestidade, beneficiei-me dessa percepção. Com “Big Dawgs”, grande parte da reação foi porque eles nunca pensaram que um índio pudesse fazer rap assim. Não é assim um vídeo tremendo com alto valor de produção. É apenas o choque de ser um rapper indiano e um videoclipe indiano que o levou aonde quer que fosse. Mas depois que essa novidade passa, seu trabalho tem uma identidade forte o suficiente para prender a atenção do espectador? Isso é o que realmente importa.

Mira, você falou sobre como sua principal influência é a rua, seja de onde vêm suas histórias ou sua tendência de escalar não-atores para seus filmes. Bijoy, o hip-hop nasceu nas ruas do Bronx. Você pode falar sobre o que a rua significa para você como personagem e como você busca inspiração nela?



Fonte ==> Vogue

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Leia Também

Poesia – um Encontro com a Alma

Helena Fraga             A poesia é o encontro diário que tenho com minha alma, com meus sentimentos e com aquela inquietação entre a