Baby Boomers, Geração X, Millennials, Geração Z e Alpha. Você certamente já escutou alguma —ou todas— essas nomenclaturas. O conceito de geração e como entendemos as suas diferentes manifestações mudou ao longo da história da humanidade, assim como as pessoas de diferentes gerações se relacionam entre si. No livro “Da Infância à Velhice: O Fenômeno Cultural das Gerações”, da Edições Sesc, o psicólogo e especialista em gerontologia José Carlos Ferrigno propõe o diálogo como base para o encontro entre as diferentes gerações.
O conceito de geração não foi sempre do jeito que conhecemos hoje. Nos registros bíblicos e greco-romanos, o autor escreve que cada geração corresponde a 30 anos. Desde esse período, havia quem criticasse ou exaltasse a juventude, não mudando muito do que ainda vemos.
Já na Idade Média, o que chamou a atenção de Ferrigno foi a falta de delimitação entre as gerações, como a confusão entre a infância e a adolescência. Foi só a partir do século 19 que estudiosos se debruçaram para teorizar os ciclos da vida, principalmente pela proliferação das escolas.
“Nós temos, então, no início do século 20, a concepção do envelhecimento e também da adolescência”, explica. Há a influência da psicologia e da psicanálise para o estudo da criança e do desenvolvimento humano, que contribuíram para definirmos hoje os diferentes ciclos da vida e as gerações.
Hoje, Ferrigno escreve que usamos o termo geração mais comumente em três contextos: o primeiro é para os grupos nascidos em um mesmo períodos de tempo —como os Millenials e a Geração Z—, o segundo é a hierarquia familiar —filhos, netos, pais, avós— e o terceiro como uma medida de tempo, como a idade.
Se entender como sendo de uma geração passa pelo senso de pertencimento e formação de uma identidade. Por outro lado, o autor acredita que essa delimitação, com normas de como agir adequadamente em cada ciclo, pode afastar o convívio entre diferentes gerações.
O psicólogo defende um encontro de gerações baseado no diálogo intergeracional, com um esforço mútuo para a troca. Só assim, ele diz, é que surge o conflito, e é de um embate democrático entre gerações que pode proporcionar novidade e transformação. Mas, para isso, é preciso humildade dos mais velhos também, para que ouçam o que os jovens têm a dizer e encarem a transmissão como uma colaboração.
Foi desse entendimento, da riqueza da relação entre gerações, que Ferrigno fez a sua dissertação de mestrado, que se desdobrou no programa intergeracional Sesc Gerações, o qual coordenou. Ele acredita que os programas intergeracionais são a melhor forma de aproximar as gerações.
“As pessoas acham que reuni-las no mesmo espaço é suficiente”, debate. “É preciso que as pessoas se conheçam e se relacionem. Temos que trabalhar com grupos pequenos, muito bem planejados, com uma discussão mediada no final de cada encontro.” Isso é o que diferencia uma relação multigeracional —diversas gerações em um mesmo espaço— e intergeracional, que é um movimento integrativo intencional.
Em um contexto onde as pessoas estão cada vez mais longevas, frequentando o mercado de trabalho por cada vez mais tempo, abrir espaço para que as pessoas valorizem essa convivência, e saibam como conviver, se faz importante.
“Tem que ter uma política pública para aproximar gerações”, afirma. “A presença, por exemplo, da comunidade dentro da escola, incluindo pais, mães e avós. Com sensibilidade maior e com uma força de vontade imensa para poder superar os obstáculos, formar essa amizade e combater o etarismo.”
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Fonte ==> Uol