O mercado de cosméticos no Brasil está em ebulição. Novas marcas e lançamentos pipocam em todos os canais, disputando segundos de atenção e centímetros de gôndola.
Nesse cenário hipercompetitivo, não basta ter um bom produto: é preciso criar algo que desperte desejo imediato, gere conversa e marque presença na vida, e no feed, do consumidor.
É aí que entram as collabs. Mais do que parcerias, são encontros estratégicos que combinam universos, narrativas e públicos para entregar algo que nenhuma marca conseguiria criar sozinha. O objetivo? Ampliar alcance, testar mercados, reduzir CAC (Customer Acquisition Cost)1 e oferecer exclusividade com um tempero emocional que fideliza.
Desde 2023, vimos um boom de colaborações que misturam criatividade, timing e propósito. A OX, ao cocriar com Mari Maria a linha capilar Vita Glow, gerou aumento de até 500% nas vendas no ponto de venda. Uma prova do poder dessas ações para varejistas e líderes de marketing que buscam engajamento direto em ambientes físicos e digitais. Em 2025, a Braé seguiu a mesma lógica: sua collab com Ana Paula Siebert faturou R$ 5 milhões em apenas 48 horas, atingindo 25% da meta mensal em dois dias.
Collabs bem alinhadas vão além do hype. Criam senso de urgência, misturam bases de fãs, fortalecem reputação e transformam o produto em experiência compartilhável. A Carmed entendeu o jogo. Ao transformar o universo dos hidratantes labiais em itens colecionáveis com marcas como Fini, Bauducco e Oakberry, registrou crescimento de mais de 90% na categoria e faturamento de R$ 400 milhões em 2023, um salto de 2.000% em relação a 2022. O segredo? Sinergia entre marcas, produtos que viram objeto de desejo e uma estratégia digital potente, com influenciadores e experiências imersivas que geram fila no físico e buzz no digital.
Os dados confirmam o apelo. A pesquisa da Orbit Data Science mostrou que 66% dos consumidores aprovam collabs, com destaque para as que unem cosméticos e produtos alimentícios que viralizam nas redes. Mas o alerta é claro: 34% dizem se sentir excluídos por falta de identificação, reforçando que autenticidade e alinhamento com o público-alvo não são opcionais.
Quando bem executadas, as collabs não só cruzam públicos e aumentam awareness²: elas criam vínculo emocional, fomentam inovação e reposicionam marcas como protagonistas culturais. Quando malfeitas, viram ruído, e reputação não se recupera com desconto.
O mercado de collabs em cosméticos no Brasil se mantém promissor, e não é pela falta de opções. A cada semana, novas parcerias unem beleza, alimentos, moda e influenciadores, criando produtos que geram experiência, ampliam públicos e impulsionam vendas. O segredo do sucesso? Sinergia real e autenticidade. Quando isso acontece, os resultados vêm: categorias inteiras crescem, faturamentos batem a casa dos milhões e o engajamento digital dispara. Mas, com tantas colaborações surgindo, o risco de saturação se torna real. Collab boa é a que surpreende, cria narrativas únicas e entrega valor de verdade. O mercado não está saturado de collabs, está carente de ideias realmente relevantes e que mudem o jogo.
E a provocação fica: no seu mercado, sua marca está competindo sozinha ou está encontrando aliados para criar algo que ninguém mais conseguiria?
Por Elaine Gerchon, profissional com mais de 15 anos de experiência em estratégia, inteligência de mercado e desenvolvimento de negócios, com foco em setores como químicos e cuidados pessoais. Especialista em transformar dados em insights estratégicos, impulsionando decisões que fortalecem a competitividade e o crescimento sustentável. Com expertise em inteligência competitiva, tendências emergentes e comunicação estratégica, Elaine desenvolve soluções inovadoras para maximizar resultados e engajamento. Sua abordagem visa gerar resultados duradouros, acelerando inovação e crescimento no mercado da América do Sul.
Nota:
- CAC: custo médio para conquistar um novo cliente, considerando investimentos em marketing e vendas.
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Awareness: nível de reconhecimento e lembrança que o público tem sobre uma marca.
Fonte ==> Cosmetic Innovation