É um futuro não tão distante. Um regime totalitário assumiu o poder, e os direitos civis como os conhecemos já não existem mais. As mulheres, transformadas em operárias ou meras procriadoras, são os principais alvos do sistema. Um grupo de dissidentes se une para articular um levante.
Este poderia ser um resumo da trama de “O Conto da Aia”, romance distópico da canadense Margaret Atwood publicado em 1985 que se tornou um fenômeno mundial e deu origem a uma premiada série de televisão. Mas ele trata de um livro publicado cinco anos antes, em 1980, por outra Margaret, de sobrenome O’Donnell, do outro lado do Atlântico. Trata-se de “The Beehive”, a colmeia.
O livro estava fora de catálogo há décadas e nunca tinha sido editado nos Estados Unidos até o ano passado. O nome da autora, uma ativista pelo direito à contracepção, é extremamente comum na sua Irlanda natal, e a Valancourt, casa americana que redescobriu o título, passou meses só buscando O’Donnell para tentar comprar os direitos de publicação da obra. Estava prestes a desistir quando publicou uma mensagem nas redes sociais pedindo ajuda para localizar um herdeiro dela —e, com a ajuda dos internautas, encontrou-o.
A publicação, que deve ganhar o título “A Colmeia” em português, chega ao Brasil pela editora Vestígio no segundo semestre deste ano. Suas protagonistas são operárias que formam a base da cadeia produtiva do regime. São as chamadas cinzentas, mulheres obrigadas a vestir roupas amorfas e tingir os cabelos de cinza para não sobressair na paisagem.
NA TRILHA DA FAMA A mesma Vestígio se prepara para lançar um livro que investiga justamente porque alguns artistas —ou algumas Margarets— se tornam célebres e outros, não. “A Fórmula da Fama”, de Cass R. Sunstein, examina pesquisas recentes sobre economia comportamental para entender a delicada equação que levou os Beatles, a “Mona Lisa” e outros a ganharem a dimensão que têm hoje.
AMIGO DO REI Em “A Boba da Corte”, a ser lançado pela Fósforo em abril, Tati Bernardi escreve que o bufão é “sabidamente o único que conhece a fundo as podridões de todos e, protegido pelo humor, pode humilhá-los”. O terceiro livro da escritora, roteirista e colunista da Folha busca traçar paralelos entre essa função e a maneira como ela mesma se enxerga ao refletir sobre a sua trajetória de ascensão social, da zona leste de São Paulo até um bairro nobre da capital paulista. Ela se inspira em autores que tratam dos efeitos do enriquecimento sobre a própria subjetividade. Mas acrescenta a essa tradição o humor inato à sua escrita. Uma pintura de Marina Quintanilha ilustra a capa.
DRAMA REAL A história das três crianças e um bebê que sobreviveram por semanas na Amazônia colombiana após um acidente de avião que matou todos os adultos com que elas viajavam já parecia hollywoodiana em 2023, ao se desenrolar diante do público. Não à toa, ela será adaptada para o audiovisual, noticiou o portal Deadline no início deste mês. A base do roteiro é o livro “40 Dias na Floresta”, escrito pelo jornalista investigativo britânico Mat Youkee, colaborador do jornal The Guardian na América Latina. A publicação é da Matrix, e chega às livrarias em 5 de março.
Fonte ==> Folha SP