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CCXP sofre debandada e se firma como o evento das filas – 07/12/2025 – Ilustrada

CCXP sofre debandada e se firma como o evento das filas - 07/12/2025 - Ilustrada

Mais uma edição da CCXP, a antiga Comic Con Experience, chega ao fim neste domingo (7) dando sinais de fadiga. Maior feira de cultura pop da América Latina, o evento começou na última quarta-feira e levou milhares de nerds e aficionados por filmes, séries e quadrinhos ao São Paulo Expo, na capital paulista.

Onze anos após se firmar como polo para grandes anúncios e divulgação de material em primeira mão dos filmes e séries mais aguardados do ano, a CCXP sofre uma debandada de parceiros. A Netflix, que já foi responsável pelos maiores e mais desejados painéis, não participou desta edição, deixando um grande buraco na programação.

Universal e Apple seguiram seus passos, e a Disney anunciou atrações de última hora, mas limitou seu estande no centro de convenções a uma imensa loja da Pixar com produtos a preços inflacionados.

A CCXP é vítima de um mundo bombardeado por consumo e de uma indústria audiovisual que se mostra perdida nas estratégias de marketing e divulgação de seus conteúdos, na atual conjuntura que mistura jornalistas a influenciadores e comunicação tradicional a dancinhas de TikTok –como se fossem a mesma coisa ou servissem ao mesmo propósito.

Assim, a Netflix prefere investir em seu próprio Tudum ou em ativações mais nichadas espalhadas pelo mundo –como o navio de “One Piece” no Rio de Janeiro ou a parada de “Stranger Things” em São Paulo. A Disney tem a sua própria convenção, a D23; a Universal trouxe os talentos de “Como Treinar o Seu Dragão” e “Wicked: Parte 2” para cá por conta própria, e a Apple ainda sofre para dialogar com o espectador brasileiro.

Sobrou espaço para Warner Bros. Discovery, Paramount+ e Amazon Prime Video, importantes parceiras de longa data, que trouxeram astros de “It: Bem-Vindo a Derry”, “Star Trek: Academia da Frota Estelar” e “Fallout”, respectivamente, e para Nintendo e Crunchyroll, que ampliaram sua participação. A Petrobras montou um estande divertido homenageando filmes nacionais –ao menos aqueles patrocinados por ela– e Josh Safdie e Timothée Chalamet vieram divulgar “Marty Supreme” pela Diamond Films.

Também sobrou espaço para marcas que nada têm a ver com o universo pop –os estandes do Banco do Brasil e do Sebrae eram tão grandes quanto os dos estúdios hollywoodianos. Grandes lojistas também ficaram hiperbólicos, diminuindo o espaço para os pequenos vendedores.

Por isso, as filas nas ativações que faziam sentido estar ali se avolumaram. No comecinho da tarde de sábado, as filas para brincadeiras como as inspiradas em “The Boys” e “Supergirl” giravam em torno de uma hora e meia. Já a casa mal-assombrada de “It” estava com quatro horas de espera. Até o estande das balas Mentos contava 50 minutos, mais uma fila informal criada pelo próprio público –uma fila para entrar em outra fila.

Também havia uma fila inexplicável para retirar as credenciais do evento. Jornalistas, expositores e talentos foram aglutinados num mesmo controle de identidade, e foram necessárias duas horas para conseguir, enfim, pôr as mãos nos crachás na noite de quarta-feira. Presos em meio à falta de informações, funcionários solícitos vestiam camisetas com os dizeres “como posso salvar o dia?”, incapazes de cumprir a promessa.

Ironicamente, esse contexto todo dá brilho ao que está no cerne das convenções geek, mas que acaba ficando em segundo plano frente às megalomanias de grandes estúdios —quadrinistas e ilustradores que expõem e vendem suas produções no Artists’ Valley. Ali era o lugar mais agradável para ficar, com menos multidões, artistas simpáticos e preços mais camaradas para itens mais criativos.

Não que este cenário seja uma falha específica da CCXP. É uma característica deste formato de feira no geral –a San Diego Comic Con, a mais importante do gênero, é ainda mais dependente de lojinhas. Talvez, ao se firmar como um dos grandes eventos do calendário pop, a versão brasileira esteja simplesmente assimilando o perfil padrão dessas convenções, num processo não necessariamente bem-vindo, mas natural.



Fonte ==> Uol

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